segunda-feira, 8 de junho de 2009

IEN Desmonta Reator

Unidade da Cnen Desmonta
Reator para Pesquisas Nucleares

08/06/2009 - 17:34

Encerrou-se em maio último um dos capítulos da história do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), unidade de pesquisa da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCT) no Rio de Janeiro. Entre 13 de abril e 6 de maio, foi desmontado o Circuito Térmico a Sódio CTS-1, mais conhecido como “Loop de Sódio”, no prédio da Química e Materiais Nucleares do IEN. Em seguida, todo o material foi acondicionado no Galpão Tecnológico de Sódio, no mesmo IEN, a fim de ser preservado. Várias instituições já manifestaram interesse em remontá-lo como parte da história da ciência nacional.

A desmontagem feita por uma empresa particular com supervisão de uma comissão composta por sete servidores do IEN.

Os estudos sobre reatores nucleares rápidos tiveram início no IEN em 1969. O sódio, pelas suas características térmicas, nucleares e de custo, tem se mostrado um dos refrigerantes mais adequados para esse tipo de reator. O Circuito Térmico a Sódio CTS-1, projetado e construído com a participação da indústria nacional e inaugurado em 1972, conferiu ao IEN a liderança em estudos experimentais com sódio em toda a América Latina.

O CTS-1, desde então, permitiu acumular experiência e desenvolver competência em tecnologia do sódio. Foi utilizado para treinar e qualificar operadores, estudar componentes e técnicas de medida, validar modelos computacionais e desenvolver competência em gerência, operação e manutenção de instalações a sódio. Dezenas de trabalhos técnicos e algumas teses de pós-graduação foram desenvolvidas utilizando o CTS-1.

O programa nacional de reatores rápidos conduzido pela Cnen sofreu um esvaziamento nas duas últimas décadas por fatores internos (por exemplo, não renovação da equipe) e externos (conjuntura internacional desfavorável a energia nuclear), o que contribuiu para a decisão de desmontagem do CTS-1, junto com o fato de este circuito já ter sido bastante explorado tecnicamente. Em realidade, o CTS-1 encontrava-se inoperante há uma década. Com o renovado interesse mundial na geração nucleoelétrica, é possível que o Brasil volte a se interessar em estudar reatores rápidos refrigerados tanto a sódio metálico como a gás.


Fonte: Site do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O Brasil é a Fusão Nuclear

Ministro da C&T Reúne-se com Representantes da
Comissão Européia para Fusão Nuclear



Sexta-Feira, 05 de junho de 2009


Governo está em processo de celebrar um acordo com a Euratom para que cientistas brasileiros possam trabalhar em laboratórios europeus nessa área

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, reuniu-se, nesta quinta-feira (4), em Brasília (DF), com o diretor-geral de Pesquisa para Fusão Nuclear da Comissão Europeia (Euratom), Octavio Quintana Trias, para discutir a possibilidade de adesão do Brasil ao projeto de Reator Experimental Termonuclear Internacional (ITER - na sigla em inglês). O Brasil não se associou ITER, mas o governo está em processo de celebrar um acordo com a Euratom para que cientistas brasileiros possam trabalhar em laboratórios europeus nessa área.

O ITER prevê a instalação, na França, de um reator experimental que possibilitará o desenvolvimento de formas de produção de energia através da fusão nuclear. Por esse processo, os núcleos atômicos se fundem e liberam grande quantidade de energia – um exemplo é a energia de estrelas, que é obtida pela fusão de núcleos de átomos de hidrogênio (um próton).

Se os cientistas encontrarem uma forma de controlar esse processo em laboratório, uma quantidade imensa de energia pode estar à disposição, praticamente sem deixar resíduos radioativos. A fusão nuclear pode ser vista como um processo contrário ao da fissão (quando os núcleos são quebrados) que ocorre nos modelos atuais de usinas nucleares. A fusão pode ser ainda uma alternativa ao esgotamento das fontes de energia atuais e ao acúmulo de resíduos radiativos.

Também participaram do encontro o embaixador chefe da delegação da União Europeia João Pacheco, o diretor da Euratom, Alejandro Zurita e o ministro-conselheiro de C&T da delegação Angel Landabaso. Além do ministro, as discussões foram acompanhadas pelo chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais (Assin), José Monserrat, pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCT), Odair Gonçalves e pelo diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCT), Ricardo Galvão.
(Assessoria de Comunicação do MCT)


Fonte: JC e-mail 3777, de 05 de Junho de 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Novo Reator de Pesquisas Brasileiro

Segue abaixo uma nota publicada no jornal Folha de São Paulo de 30/05/2009 sobre o desenvolvimento de um novo reator de pesquisas brasileiro.

Duda Falcão


País Projeta Super-Reator Nuclear


Obra de US$ 500 milhões poderá tornar o Brasil independente na produção de isótopos radioativos. Além do uso em medicina nuclear, equipamento que será montado em Aramar (SP) fará parte do programa nacional de energia atômica


Cláudio Ângelo e
Rafael Garcia
escrevem para a “Folha de SP”
30/05/2009



Técnicos do governo federal estão detalhando o projeto daquele que será o maior reator nuclear de pesquisa da América Latina. Orçado inicialmente em US$ 500 milhões, o Reator Multipropósito Brasileiro tem o objetivo de tornar o país independente na produção de isótopos radioativos para medicina.

O reator, de 20 megawatts (quatro vezes a potência do principal instrumento do gênero em operação no Brasil), deverá começar a ser montado em 2010. Segundo seu coordenador, José Augusto Perrotta, do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), o sítio mais provável é Aramar (SP), onde a Marinha constrói seu submarino nuclear.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, disse estar inclinado a bancar o projeto. "US$ 500 milhões distribuídos em 6 ou 7 anos não é um número despropositado para o MCT. Já foi um dia, hoje não é mais", disse Rezende à Folha. "Mas é importante ter outros parceiros, e o governo de São Paulo já manifestou interesse."

São Paulo abriga hoje, no campus da USP, dois dos quatro reatores de pesquisa do Brasil. O maior deles é usado para produzir radioisótopos (versões radioativas de elementos químicos).

Na medicina, são usados em radiofármacos, que têm diversas aplicações. A maioria é usada como marcador em exames diagnósticos. Mas também, podem atacar tumores.

Hoje, no Brasil, são feitas todo ano 3,5 milhões de aplicações de radiofármacos. Os dois isótopos mais utilizados são o iodo-131, para diagnóstico de distúrbios de tireoide, e o tecnécio-99. Este último é polivalente: pode ser usado em fármacos para diagnóstico de cânceres e outras doenças no coração, cérebro, fígado e nos ossos. O tecnécio é derivado do molibdênio-99, que é importado. E aqui mora o problema.

Primeiro, o de custo. Segundo Perrotta, o país importa R$ 32 milhões por ano em molibdênio (e R$ 40 milhões por ano em outros isótopos). Com o reator multipropósito em funcionamento, a estimativa do Ipen é passar a faturar até R$ 37 milhões por ano só com molibdênio, e até R$ 25 milhões por ano com iodo-131. Além de dobrar o número de atendimentos em medicina nuclear.

Mas há um fator que a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) diz considerar mais premente para motivar a construção do novo reator: o fornecimento de molibdênio é incerto. Só o Canadá, a Holanda e a África do Sul produzem o elemento em quantidade significativa. E, no último dia 19, a empresa canadense MDS Nordion, que fornece a maioria do molibdênio ao Ipen, anunciou a parada do reator que responde por 40% do fornecimento mundial do isótopo.

Programa Nuclear

O novo reator também teria uma aplicação um pouco menos bem vista: ele deverá ser parte integrante do programa brasileiro de energia nuclear. Após Angra 3, o governo planeja fazer mais quatro usinas. Hoje o Brasil fabrica o próprio combustível nuclear e importa uma série de materiais, mas a expansão do programa demandará investimentos em mais tecnologia nacional. "A tecnologia de combustível nuclear depende de um reator desses", afirma Perrotta.

O dirigente, também, afasta as preocupações com proliferação atômica. O combustível para o novo reator terá 20% de urânio enriquecido, limite além do qual é possível fabricar uma bomba.

"Todas as instalações nucleares do Brasil estão sob inspeção internacional da AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica]. Não há dúvida quanto às intenções do país", diz.(Folha de SP, 30/5)


Fonte: Jornal Folha de São Paulo - 30/05/2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Cientistas Brasileiros são Premiados nos EUA

Segue abaixo uma nota postada hoje no site da Agência FAPESP sobre os prêmios concedidos a brasileiros pela Fundação de Pesquisa Gravitacional, dos Estados Unidos por artigos científicos considerados importantes sobre temas relacionados à gravidade e à gravitação.

Duda Falcão

Gravitação Brasileira

29/5/2009

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Há exatos 60 anos a Fundação de Pesquisa Gravitacional, nos Estados Unidos, premia autores de artigos científicos considerados importantes sobre temas relacionados à gravidade e à gravitação. Mas em nenhuma edição do prêmio os brasileiros estiveram tão presentes quanto na deste ano, tendo levado um segundo lugar e sete menções honrosas.

O prêmio já foi concedido a cientistas como Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge (Inglaterra), Roger Penrose, da Universidade de Oxford (Inglaterra), e George Smoot, da Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos), que em 2006 ganharia também o Nobel de Física.

Na edição de 2009, Saulo Carneiro, da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Queen Mary de Londres (Inglaterra), ficou com o segundo lugar do prêmio, com o artigo On vacuum density, the initial singularity and dark energy.

Odylio Aguiar, do lnstituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), coordenador do Projeto Temático “Nova física no espaço: ondas gravitacionais”, apoiado pela FAPESP, recebeu menção honrosa pelo artigo Broadband resonant mass gravitational wave detection, do qual é o primeiro autor.

O mesmo artigo rendeu menções honrosas também a Guilherme Pimentel, da Universidade de Princeton (Estados Unidos) e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Joaquim Barroso, do Inpe, e Rubens Marinho Jr., do ITA.

Orfeu Bertolami, do Instituto Superior Técnico, de Portugal – país onde o brasileiro vive desde 1989 –, ganhou menção honrosa pelo artigo The cosmological constant problem: a user's guide. Ivano Damião Soares e Rodrigo Maier, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), ganharam menção com o texto An answer to the main black hole pathology: forming nonsingular black holes from dust collapse.

“É um prêmio muito tradicional e o feito do professor Saulo Carneiro é muito importante. O fato de termos tantos brasileiros recebendo menções honrosas é bastante significativo e demonstra algo que já percebíamos: a produção científica brasileira está crescendo muito na área de gravitação e gravidade”, disse à Agência FAPESP.

Segundo Aguiar, o artigo submetido por seu grupo, que rendeu as quatro menções honrosas, surgiu a partir de uma idéia do australiano Michael Tobar – o único autor não brasileiro do artigo – e foi desenvolvido na dissertação de mestrado de Pimentel.

“A idéia surgiu há cerca de três anos, mas estávamos esperando um bom aluno que pudesse explorá-la. Guilherme, um aluno brilhante que agora está fazendo o doutorado em Princeton, conseguiu torná-la realidade”, afirmou.

De acordo com o professor, o trabalho está relacionado ao detector de ondas gravitacionais brasileiro: o Detector Mario Schenberg, localizado no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, o detector já entrou em operação, embora ainda não obtenha dados científicos.

“Esse trabalho busca fazer com que o detector seja competitivo em relação aos interferômetros laser, que têm banda mais larga. O detector, embora tenha banda mais reduzida, é mais barato e seria capaz de determinar a direção e a polarização da onda – isto é, a maneira como a onda deforma o espaço-tempo”, explicou.

Enquanto a banda dos interferômetros varia entre limites mínimos de 10 a 50 hertz e máximos de 1 a 2 quilohertz – dependendo do equipamento –, o detector possui uma banda mais estreita, que varia apenas 50 hertz.

“Nossa proposta tem o objetivo de modificar isso. Com uma troca do sensor, o detector brasileiro seria capacitado a ter uma banda que iria de 2 quilohertz a 10 quilohertz, tornando-se competitivo com os interferômetros sem perder a capacidade de determinar a direção e a polarização da onda”, disse.

O Projeto Temático, segundo Aguiar, apoia o aperfeiçoamento do detector brasileiro. “Para isso tentamos atingir temperaturas menores e sensores melhores, para que possamos chegar à sensibilidade projetada”, disse.

As ondas gravitacionais têm amplitude um milhão de vezes menor que o diâmetro de um próton. “Como a onda chega à Terra com amplitude muito pequena, é um imenso problema tecnológico detectá-la e passar a captá-la com regularidade para fazer observações. Mas, se isso for feito, abriremos uma nova janela para o Universo, descrevendo fenômenos que não emitem ondas eletromagnéticas suficientemente significativas para serem observadas”, disse.

Por ser tão minúscula, a onda em si não pode ser medida. Por conta disso, experimentos como o feito na USP tentam detectar alterações da energia interna de corpos massivos a baixíssimas temperaturas confinados em um sistema no laboratório.

“Medimos o efeito provocado pela emissão da onda. O que conseguimos é uma prova indireta de sua presença, demonstrando que a energia e o momentum angular do sistema estão sofrendo perdas”, disse.


Fonte: Site da Agência FAPESP

Comentário. Grande noticia para a Ciência Brasileira. Parabéns a todos pesquisadores e em especial ao meu conterrâneo Saulo Carneiro da Universidade Federal da Bahia.

Projeto Gráviton

Segue abaixo uma nota postada em setembro de 2006 no site do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) sobre o primeiro experimento de gravitação brasileiro - Projeto Gráviton.

Duda Falcão

INPE Participa do Primeiro Detector Nacional de Ondas Gravitacionais

25/09/2006

O primeiro experimento de gravitação brasileiro entrou em operação neste mês de setembro no Instituto de Física da USP, em São Paulo. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) participa do Projeto Gráviton junto com outras quatro instituições - USP, ITA, UNICAMP e CEFET-SP. O detector de ondas gravitacionais Mario Schenberg permitirá o estudo de fenômenos astrofísicos que não podem ser observados através de outras ondas ou partículas. E uma das chaves para a compreensão da origem do Universo pode estar na observação das fontes emissoras de radiação no espectro gravitacional. Vários países estão buscando a primeira detecção de ondas gravitacionais, e agora o Brasil faz parte desta empreitada.

Os pesquisadores brasileiros desenvolveram a tecnologia para a construção do telessensor esferoidal (antena esférica), que foi batizado de Mario Schenberg em homenagem a um dos pioneiros da Física Teórica e da Astrofísica moderna no Brasil, que no início da década de 40 trabalhou nos Estados Unidos ao lado de George Gamow e Subramanyan Chandrasekhar. O detector servirá ao estudo da emissão de ondas gravitacionais por fontes astrofísicas - buracos negros e estrelas de nêutrons.

“Entre os dias 8 e 13 de setembro, coletamos e gravamos os dados de três sensores deste experimento. Essa primeira ‘corrida’ de 120 horas é a primeira do detector, que, dessa forma, inaugurou a sua fase comissionária, na qual serão feitos ajustes e melhorias para passar a funcionar como um detector competitivo”, explica Odylio Aguiar, pesquisador do INPE que lidera o Projeto Gráviton junto com Nei de Oliveira Junior, da USP.Os sinais gravitacionais de objetos astrofísicos abrem uma nova janela no estudo da Física e da Cosmologia: a Astronomia Gravitacional. A construção do detector de ondas gravitacionais Mario Schenberg fomenta o conhecimento tecnológico nas áreas de criogenia, vácuo, transdutores a baixo ruído, supercondutividade e isolamento vibracional, entres outras, favorecendo a formação de novos especialistas nestes campos.Mais informações sobre o projeto Gráviton e o que são ondas gravitacionais no site www.das.inpe.br/~graviton.As fotos mostram a antena esférica de ondas gravitacionais e detalhes do seu cabeamento, que envia e recebe o sinal do sensor/transdutor através de pequenas antenas sintonizadas na frequência de microondas.






Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE

Comentário: Parabéns ao INPE e aos órgãos envolvidos com esse projeto de ponta. Esta acompanhado o que se faz em física de ponta no mundo é necessário e estratégico para o país e o Projeto Gráviton é um grande exemplo disso.

Acidente em Angra 2

MPF Vai Apurar Contaminação em Angra 2


Prefeito Questiona Forma de Divulgar o Caso; Comissão Descarta Risco



Felipe Werneck


O Ministério Público Federal em Angra dos Reis (RJ) instaurou ontem inquérito civil para apurar evento não usual ocorrido há 13 dias na Usina de Angra 2 que resultou na contaminação - oficialmente afastada - de quatro funcionários com material radioativo. Os procuradores pediram esclarecimentos à Eletronuclear, à Comissão Nacional de Energia nuclear (Cnen), ao Ibama e à Defesa Civil.

Segundo a Cnen, a contaminação já foi removida e o problema não trouxe consequência aos funcionários, à população e ao meio ambiente. O prefeito de Angra, Tuca Jordão (PMDB), afirmou que a Cnen omitiu a informação de que quatro pessoas haviam sido contaminadas no primeiro comunicado sobre o fato, feito por telefone, às 17h35 do dia 15, 1 hora e 20 minutos após o problema ter sido constatado. Segundo ele, foi informado apenas que havia ocorrido um "alarme de taxa de atividade alta na chaminé de descarga de gases".

Jordão disse que pedirá na reunião do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro mudança na forma de divulgação feita pela Cnen. Segundo ele, os relatórios são vagos. "O que eu quero é transparência total em relação a qualquer evento. Por que não informaram no mesmo dia que houve contaminação de funcionários? Isso mostra que há uma falha no sistema", disse Jordão, que é favorável à construção de Angra 3.

O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear e presidente interino da Cnen, Laércio Vinhas, afirmou que o procedimento foi correto, mas disse não ter objeção a uma eventual mudança na regra de divulgação dos eventos não usuais. Na escala internacional de eventos nucleares da Agência Internacional de Energia Atômica (que vai de 0 a 7), esses eventos são classificados como de nível 1 (anomalia ou desvio operacional). "O evento não usual foi deflagrado por causa do alarme e não da contaminação. Nosso objetivo é transmitir com objetividade o que acontece e evitar uma falsa interpretação."

Sobre a divulgação com atraso, a responsabilidade é da Eletronuclear, que informou não ser "o procedimento divulgar todos os eventos não usuais" para evitar alarme desnecessário. Disse que, nos últimos anos, foram em média dois casos semelhantes de contaminação de funcionários por mês e que o procedimento usual para descontaminação é a limpeza do corpo com água e sabão.


Fonte: Jornal “O Estado de São Paulo” de 28/05/2009

Acidente em Angra 2

Eletronuclear Não Apresenta os Quatro Funcionários Contaminados


Prefeito de Angra dos Reis Solicita Mudanças no Plano de Emergência das Usinas Nucleares


Taís Mendes e Maria Elisa Alves escrevem para “O Globo”


O acidente com material radioativo na Usina de Angra 2, ocorrido no dia 15 e divulgado somente anteontem, continua cercado de mistérios. Os quatro funcionários contaminados sequer foram apresentados. Em seu site, a Eletronuclear chegou a informar, anteontem, que seis trabalhadores foram monitorados. Nenhum nome foi divulgado pela empresa.

A Prefeitura de Angra informou que foi avisada do acidente uma hora e 20 minutos após o início do problema, mas através de um simples formulário, no item de evento não usual (ENU), e não foi comunicada sobre a contaminação de funcionários.

— A Defesa Civil recebe em média 10 ENUs por ano. São relatos de eventos corriqueiros, como uma queda de energia. Estamos pedindo que eles passem a ser mais detalhados, sem muito linguajar técnico. Como agentes públicos, temos que saber o que está acontecendo nas usinas —reclamou o prefeito de Angra, Tuca Jordão.

Ele pretende pedir, na terça-feira, que o Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro faça mudanças no Plano de Emergência das Usinas Nucleares de Angra dos Reis (Sipron) — que envolve órgãos federais, estaduais e municipais. Já o Ministério Público Federal abriu uma investigação e intimou o Ibama, responsável pelo licenciamento da usina, a prestar esclarecimentos em 72 horas.

O subsecretário de Defesa Civil de Angra, José Carlos Lucas Costa, disse que o acidente alertou para uma falha no planejamento para casos de emergência.

Já o professor Achilino Senra, vice-diretor da Coppe e professor de energia nuclear, considerou correto o procedimento adotado pela Eletronuclear e pela Cnen. Segundo ele, o acidente está no nível mais baixo de risco da escala, sem ter oferecido perigo para o meio ambiente e para os moradores: — Se fosse um acidente grave, é claro que a comunicação teria que ser mais rápida.(O Globo, 28/5)


Fonte: Jornal “O GLOBO” de 28/05/2009