Segue abaixo uma matéria publicada no site do JB Online em 10/02/2009 sobre o desenvolvimento no Brasil de novos conceitos de Reatores Nucleares.
Duda Falcão
Instituto Estuda Novos Conceitos de Reatores Nucleares

JB Online
12:59 - 10/02/2009
BRASÍLIA - O Brasil tem uma das maiores reservas mundiais de urânio e detém a cobiçada tecnologia para seu enriquecimento. Mas para viabilizar um futuro promissor de energia abundante e limpa é necessário um esforço continuado de pesquisa e desenvolvimento, capaz de superar desafios econômicos e de aceitação pública da energia nuclear. Ao mesmo tempo será preciso investir fortemente na formação de recursos humanos.
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Reatores Nucleares Inovadores surge em resposta a estas questões, agregando os esforços de nossos cientistas, para oferecer à sociedade pesquisa de alta qualidade sobre novos conceitos de reatores nucleares.
- O futuro da engenharia nuclear do País nunca dependeu tanto disso - afirma o professor Aquilino Senra Martinez, que lidera uma equipe de 48 profissionais, todos brasileiros, pertencentes às instituições que desenvolvem atividades de pesquisa em reatores nucleares de potência. A sede do Instituto funciona na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ao longo dos próximos três anos, pesquisadores e estudantes de pós-graduação e técnicos de apoio, totalizando mais de 100 profissionais, trabalharão na busca de geração de energia, com enfoque na energia elétrica.
Martinez lembra que o Brasil precisa de energia para seu desenvolvimento, mas que para o aumento da produção, se mantida a atual estrutura da matriz energética nacional, gerará forte impacto nas questões de recursos hídricos, do uso da terra e da preservação do meio ambiente.
Em nível mundial, outra questão que preocupa o pesquisador diz respeito ao aumento das emissões de gases de efeito estufa resultantes da queima de combustíveis fósseis e suas consequências climáticas.
- A produção de energia elétrica por meio de usinas nucleares não contribui para o aquecimento global - observa Martinez.
Para isso, acrescenta, esforços consideráveis vêm sendo feitos para viabilizar a chamada "economia do hidrogênio", que busca substituir a queima de combustíveis fósseis pela utilização de hidrogênio em células de combustível, inclusive para uso em veículos automotores.
- Como o hidrogênio não é uma fonte primária de energia, uma das opções consideradas promissoras para produzi-lo envolve a associação de usinas nucleares com fábricas para produção de hidrogênio - explica.
Martinez acredita que com um esforço coordenado de 10 anos contínuos teremos uma área de C&T em Reatores Nucleares bem consolidada. "Há no País uma capacidade instalada nas universidades e nos institutos de pesquisa na área de tecnologia nuclear que é reconhecida internacionalmente.
Apenas para exemplificar, o Brasil é um dos nove países do mundo que dominam integralmente o ciclo do combustível nuclear, nele incluído o enriquecimento do urânio. Esse domínio é resultado da competência dos cientistas que atuam em pesquisa e desenvolvimento do setor nuclear", diz.
No entendimento do coordenador, a maior importância do Instituto refere-se ao aspecto estratégico do desenvolvimento autônomo da tecnologia nuclear do País. Para ele, no setor da energia nuclear a tecnologia não é transferida pelos países que a detêm, sendo necessário a ampliação em escala nacional do conhecimento e domínio da tecnologia de reatores avançados.
- Ou seja, devemos estar preparados para superar gargalos tecnológicos que possam dificultar o incremento do setor nuclear civil - diz Martinez.
Ele também ressalta que as atividades do Instituto serão sentidas no médio prazo, quando a tecnologia começar a ser transferida para o setor produtivo. Segundo Martinez, trabalham no desenvolvimento de tecnologias inovadoras de reatores nucleares pesquisadores das universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ), de Minas Gerais (UFMG), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Além destas instituições, participam dos estudos o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte (MG), o Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste, em Recife (PE), o Instituto de Energia Nuclear (IEN), no Rio de Janeiro, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, e o Instituto Militar de Engenharia (IME), também no Rio.
Os pesquisadores trabalharão nas instituições de origem. Os líderes das linhas de pesquisa e representantes das instituições se reunirão periodicamente e, pelo menos uma vez por ano, haverá encontro de todos para apresentação dos resultados parciais das pesquisas realizadas.
Nos três anos iniciais do projeto serão investidos R$ 2,4 milhões, mas outros recursos serão alocados em função da contrapartida das instituições participantes e de financiamentos das empresas do setor nuclear.
No geral, os pesquisadores buscam um conjunto de tecnologias inovadoras em quatro reatores nucleares: ADS - Accelerator Driven System - Reator Guiado por Aceleradores de Partículas; PWR - Pressurized Water Reactor - Reator a Água Pressurizada; Iris - International Reactor Innovative and Secure - Reator Internacional Inovador e Seguro; e o VHTR - Very High Temperature Reactor - Reator de Temperatura Muito Alta.
As informações são do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Fonte: Site do JB Online
Comentário: Esse é mais um exemplo do investimento que o governo do presidente Lula vem fazendo na área de ciência e tecnologia no país. Certamente no futuro esse investimento gerará grandes benefícios a nossa sociedade e ao conhecimento humano.
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